A Jornada dos Cavaleiros do Zodíaco pelo Mundo
Diferentemente da realidade atual, em que animes são lançados simultaneamente com o Japão, muitas vezes já dublados, as coisas eram bem distintas e limitadas entre as décadas de 80 e 2000. Além de poucos títulos serem comercializados para o mercado internacional, os procedimentos legais, somados à tradução e dublagem, resultavam em uma demora de anos, por vezes mais de uma década, até essas animações atravessarem o globo.
Este foi o caso de Os Cavaleiros do Zodíaco. Uma narrativa de Masami Kurumada, o mangá de Saint Seiya começou a ser publicado pela Weekly Shonen Jump em dezembro de 1985. Pouco menos de um ano depois, em outubro de 1986, o anime, produzido pela Toei Animation, foi lançado.
Algo curioso é que o mangá original foi finalizado em 1990 e o anime em 1989 – ou seja, quando a saga de Seiya começou a ser transmitida no Brasil, haviam se passado 5 anos desde que o desfecho havia sido exibido no Japão.
Origem do Nome “Os Cavaleiros do Zodíaco”
Uma curiosidade que costuma confundir muitas pessoas é a origem do nome “Os Cavaleiros do Zodíaco”. Apesar da tradução para o português fazer todo o sentido, o título original da obra é Saint Seiya, que traduzido literalmente significa Santo Seiya.
Essa discrepância se deve ao sucesso estrondoso que Saint Seiya fez em outro país antes de chegar ao Brasil: a França, um dos maiores mercados de mangás e animes do mundo após o Japão. Foi lá, em 1988, que ocorreu o lançamento internacional da série, que ao ser traduzida para o francês, recebeu o nome de “Les Chevaliers du Zodiaque”.
Assim, quando a versão francesa de Saint Seiya foi trazida ao Brasil nos anos 90, a tradução do título também veio do francês, resultando em “Os Cavaleiros do Zodíaco”. Esse tipo de adaptação era comum na época, assim como ocorria com animes traduzidos da versão americana para o português.
Portanto, o nome que conhecemos como “Os Cavaleiros do Zodíaco” é uma herança da popularidade da série Saint Seiya na França e sua posterior tradução para o português, mantendo a essência e o reconhecimento da obra de Masami Kurumada em diferentes partes do mundo.
A Jornada dos Cavaleiros do Zodíaco no Brasil
Assim, Os Cavaleiros do Zodíaco desembarcaram no Brasil em 1 de setembro de 1994, sendo transmitido pela extinta Rede Manchete. Apesar de tentativas anteriores no final dos anos 80, as negociações foram infrutíferas naquele momento. Além disso, emissoras renomadas como Globo e SBT inicialmente rejeitaram a série animada.
Na Rede Manchete, a jornada dos Cavaleiros do Zodíaco se estendeu até 1997. Posteriormente, o Cartoon Network e a Band trouxeram de volta a animação, agora com uma nova dublagem. Ao longo dos anos, várias emissoras incluíram a saga original de Saint Seiya em sua programação, culminando, recentemente, no Warner Channel e no Adult Swim.
O mangá, por sua vez, só chegou às prateleiras brasileiras em novembro de 2000, pelas mãos da Editora Conrad. No entanto, desde 2012, é a Editora JBC que detém os direitos de Os Cavaleiros do Zodíaco.
A Influência da Trilha Sonora de “Os Cavaleiros do Zodíaco” no Brasil
Não se pode mencionar “Os Cavaleiros do Zodíaco” sem recordar a trilha sonora marcante do anime, em especial a abertura gloriosa de Pegasus Fantasy. A música tornou-se um verdadeiro hino para os fãs da série, criando uma conexão emocional única com o público.
Devido ao enorme sucesso do anime no Brasil, a Rede Manchete produziu versões em português das músicas de abertura e encerramento, resultando em um álbum com 12 faixas. Esta iniciativa contribuiu significativamente para a popularidade da série no país, mostrando a força da música como elemento de identificação e engajamento com a audiência.
Destaca-se que o álbum intitulado “Os Cavaleiros do Zodíaco: As Músicas do Seriado da TV”, lançado em formatos como fita K7, disco de vinil e CD, alcançou a impressionante marca de mais de 500 mil cópias vendidas. Isso evidencia não apenas o impacto da trilha sonora, mas também a relevância do anime como um todo na cultura brasileira, deixando sua marca na memória e no coração dos fãs.
Fracasso nos Estados Unidos: A História de Os Cavaleiros do Zodíaco
Diferentemente de muitos animes que alcançaram sucesso nos Estados Unidos, a jornada de Os Cavaleiros do Zodíaco nesse mercado foi singular. Lançado tardiamente e enfrentando um cenário desafiador, Saint Seiya, como é conhecido internacionalmente, não obteve reconhecimento nos EUA, permanecendo como um título pouco familiar ao público americano atualmente.
Lançado somente em 2003 sob o título de “Knights of the Zodiac”, o anime não conseguiu conquistar o público americano, tornando-se um grande fracasso. Apresentando uma estética considerada datada em comparação com outros animes populares da época, a animação foi alvo de extensas censuras e modificações, sofrendo diversas alterações para se adequar às normas locais de transmissão.
A recepção negativa foi evidenciada quando, durante sua primeira veiculação no Cartoon Network, apenas 40 episódios foram exibidos, sinalizando o desinteresse do público em relação ao anime. Diante desse cenário, Os Cavaleiros do Zodíaco passou por uma reformulação, sendo reeditado e redublado para posterior lançamento em formato de vídeo, como DVDs e Blu-Ray.
Somente em 2019, após anos de ausência, a franquia recebeu uma nova oportunidade no mercado americano. No entanto, mesmo com os esforços de revitalização, a saga dos Cavaleiros continuou a ser um título discreto, longe do destaque alcançado em outras partes do mundo. Assim, a trajetória de Os Cavaleiros do Zodíaco nos Estados Unidos exemplifica um caso de adaptação desafiadora e resiliência frente às adversidades do mercado internacional de animações japonesas.
A Expansão do Universo de Cavaleiros do Zodíaco
Os Cavaleiros do Zodíaco vão além do anime e mangá clássicos, com uma rica diversificação de conteúdos ao longo dos anos. Além das histórias originais, a franquia se estendeu por meio de spin-offs e continuações, enriquecendo ainda mais seu **lore**.
Em termos de mangás, o criador original, Masami Kurumada, expandiu o universo com uma sequência intitulada “Saint Seiya: Next Dimension”, iniciando sua publicação em 2006. Kurumada também presenteou os fãs com capítulos especiais no período de 2017 a 2019, ampliando ainda mais o **universo** da franquia.
Essas adições e **continuações** não apenas aprofundaram a mitologia dos Cavaleiros, mas também proporcionaram aos fãs uma nova forma de explorar e vivenciar as aventuras dos personagens icônicos do **mangá**. A expansão do **lore** trouxe uma riqueza ainda maior ao já vasto **universo** de Cavaleiros do Zodíaco, cativando tanto os fãs mais antigos quanto uma nova geração de espectadores em todo o mundo.
Expansões da Saga Cavaleiros do Zodíaco
Além das obras principais da Saga Cavaleiros do Zodíaco, temos também os spin-offs, criados por diferentes autores. O pioneiro foi “Episode G”, de Megumu Okada, cuja publicação ocorreu entre 2002 e 2013. Logo em seguida, surgiu o renomado “The Lost Canvas”, de Shiori Teshirogi, publicado entre 2006 e 2013.
Outro destaque é a terceira narrativa, intitulada “Saintia Sho”, escrita por Chimaki Kuori e veiculada de 2013 a 2021. Mais recentemente, temos o spin-off isekai “Saint Seiya: Meiō Iden – Dark Wing”, de Kenji Saito e Shinshu Ueda, que teve início em 2020.
Por fim, vale mencionar a produção ocidental de Saint Seiya. Criada por Jérôme Alquié e Arnaud Dollen, “Saint Seiya: Time Odissey” é uma história em quadrinhos oficial da franquia, lançada em 2.
A Expansão do Anime de Os Cavaleiros do Zodíaco
Assim como o mangá de Saint Seiya teve diversas expansões ao longo dos anos, o anime da franquia também cresceu consideravelmente. Atualmente, existem seis séries animadas além da original, adaptando as publicações mais recentes.
As séries de Os Cavaleiros do Zodíaco incluem: “Hades“, “The Lost Canvas“, “Omega“, “Soul of Gold“, “Saintia Sho” e o remake do anime original, “Saint Seiya: Os Cavaleiros do Zodíaco“.
Adaptação em Live-Action de Os Cavaleiros do Zodíaco
Falando sobre filmes e adaptações, recentemente a famosa série Os Cavaleiros do Zodíaco ganhou vida em um longa-metragem para o cinema mundial. Intitulado “Os Cavaleiros do Zodíaco – Saint Seiya: O Começo”, o filme estreou em abril de 2023, apresentando Mackenyu Arata, conhecido por seu papel como Zoro.
O filme trouxe uma abordagem moderna e empolgante para os fãs da série de anime, mantendo a essência dos personagens e da trama original. A escolha de Mackenyu Arata para o papel principal foi aclamada pela crítica e pelos espectadores, destacando sua habilidade em retratar personagens marcantes.
Com efeitos especiais de última geração, as lutas épicas entre os Cavaleiros e seus inimigos foram intensas e emocionantes, transportando o público para o universo místico criado por Masami Kurumada. A fidelidade ao material original foi um ponto forte do filme, garantindo a satisfação dos fãs mais fervorosos.
“Os Cavaleiros do Zodíaco – Saint Seiya: O Começo” representa um marco na história das adaptações live-action de animes, demonstrando que é possível respeitar a obra original e ao mesmo tempo inovar para atrair novos públicos. O sucesso do filme abriu portas para novas possibilidades no mundo do entretenimento, provando que as histórias atemporais dos Cavaleiros do Zodíaco continuam cativantes para diferentes gerações.
O Impacto de Os Cavaleiros do Zodíaco na Cultura Yaoi
Se você deseja discutir o impacto cultural, não se pode negar que Os Cavaleiros do Zodíaco teve um papel importante na popularização de um gênero específico de mangá. É graças à popularidade de Saint Seiya que a disseminação do yaoi – também conhecido como “BL” – ocorreu, promovendo histórias, fanfics ou criações originais que exploram romance e erotismo entre homens.
Esse fenômeno se deve ao fato de que o elenco de Saint Seiya é majoritariamente masculino e valoriza significativamente os vínculos entre os personagens, juntamente com as tramas e doujinshis criados por fãs, especialmente em torno do personagem Shun de Andrômeda. Vale ressaltar que essa influência se deu no final dos anos 80, período em que o yaoi já existia, embora fosse menos expressivo do que é nos dias atuais.
Jornalista cinéfilo e viciado em filmes e séries, mergulhando de cabeça no mundo geek. Com críticas cativantes e análises perspicazes, compartilha sua paixão e conhecimento, tornando a cultura pop mais envolvente.